Onde o passado encontra o futuro

16-11-2022

Vila Flamiano é o nome da vila operária onde a minha mãe nasceu, eu e também a minha irmã e onde o meu filho mais novo passou muito tempo com a avó, até ser necessário respirar outros ares.

Mas as corridas de bicicleta e os banhos de chafariz não estão muito longe; nem os fogareiros a crepitarem e as conversas de janela para janela; nem a vibração causada pela passagem do comboio da linha do norte, ali na ponte centenária a 50 metros das casas.

E hoje escrevo, sem necessitar de razões, apenas porque me reconheço na menina morena de cabelo ao vento, na pedalagem veloz, nos vestidos simples e nos pés sujos descalços como quem brindava a vida e a existência na (T)terra. E quero existir. Mesmo com lamentos e fracassos a conviver com gargalhadas e abraços, sinto a miúda que sou ainda, muitas vezes.

E passo aqui para testemunhar tempos difíceis, trabalhosos e mesmo árduos. Todos passamos aqui repetidamente... Esta menina sabe que é assim porque já o sentiu antes na pele: foi esta menina quem magoou os joelhos nas quedas de bicicleta, quem teve convulsões e dores de cabeça por andar no «pino» do sol e sem chapéu, quem cortou a sola do pé num vidro no chão da rua. 

Esta menina agora crescida conhece - está disposta a conhecer - os riscos e as responsabilidades das descobertas. Prometo continuar a andar de bicla e a renovar os votos de auto cuidado e cuidado com os outros. E prometo ser fiel a mim própria, aceitando que quem está ao meu lado também o faça com a mesma liberdade. Obrigada  a ti pelas lições eternas.

Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora